terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O navegante

Então ele se perdeu entre as estrelas. Decidiu, depois de muita dor, que o 'Topo do Mundo' não era pra ele. Ou ele não era pro 'Topo do Mundo', sabe-se lá? A mente dessas pessoas acostumadas aos ventos etéreos é muito estranha, e o esforço por entendê-las costuma ser em vão. Isso vale como ressalva, amigo leitor: nunca tente entender uma dessas. Vai irritar o dono dos pensamentos e se machucar no processo.

Daí ele içou as velas. Sabia que um tempo entre as estrelas - suas irmãs - seria não a resolução de seus problemas, mas uma chance de começar de novo a se deleitar com os prazeres comuns. Assobiou alguma canção de navegador, puxou seu maço de cigarros - estrategicamente colocado em seu bolso 'de espaço infinito', próximo ao coração - acendeu o que estava ao alcance dos dedos. Soprou a fumaça entre algumas notas abafadas, só pra dar o primeiro impulso às velas. E assim foi, glorioso e impenitente!!

E assim se faz. Enquanto os ventos não sopram, lá no espaço, entre as estrelas, ele sopra a fumaça do cigarro. Não faz mal. Ele só precisa da aventura, da conquista, do cigarro, de algumas músicas memorizadas, de sua tripulação (ele e as estrelas) e, claro, de seu barco. E, por enquanto, ele tem isso tudo. Deus o perdoe pelo que ele faria sem o que tem!